

Área incendiada no Brasil em 2024 foi 62% maior que a média de quatro décadas
Afetado por incêndios florestais históricos, em particular na Amazônia, o Brasil registrou em 2024 uma área queimada 62% maior que a média das últimas quatro décadas, segundo um relatório divulgado nesta terça-feira.
Os incêndios devastaram no ano passado 30 milhões de hectares, uma superfície maior que a da Itália, contra a média de 18,5 milhões de hectares queimados por ano, segundo a plataforma de monitoramento MapBiomas, que iniciou os registros com imagens de satélites em 1985.
A Amazônia concentrou mais da metade dos incêndios que o país sofreu, com 15,6 milhões de hectares afetados, mais do que o dobro de sua média histórica.
A maior floresta tropical do planeta é crucial para a absorção de gases do efeito estufa na atmosfera e sua destruição agrava o aquecimento global.
O balanço é desalentador para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, em novembro, receberá a conferência climática COP30 da ONU na cidade de Belém.
A seca sem precedentes que afetou o Brasil em 2024, agravada pelas mudanças climáticas, contribuiu para o número recorde de incêndios.
Autoridades e especialistas atribuem o início dos incêndios à ação humana, vinculando as chamas à queimada ilegal de terras para pastagem e agricultura.
"A combinação entre vegetação altamente inflamável, baixa umidade e o uso do fogo criou as condições perfeitas para a propagação do mesmo em larga escala", disse Felipe Martenexen, coordenador para a Amazônia do MapBiomas.
"Então, uma vez que a floresta queima, ela acaba perdendo umidade, cobertura florestal, acaba alterando todo aquele microclima dentro de uma floresta, e acaba que, na próxima vez, ela vai ficar mais vulnerável para acabar acontecendo novas queimadas", acrescentou.
O Pantanal, maior planície de inundação contínua do mundo, também sofreu incêndios devastadores no ano passado: 62% deste bioma já foi afetado pelo fogo pelo menos uma vez nos últimos 40 anos.
A Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do planeta, registrou um recorde negativo em 2024. Com 1,2 milhão de hectares incendiados, esta foi a maior extensão afetada pelo fogo desde 1985 e representou um aumento de 261% na comparação com a média histórica para a região.
O relatório revela que 2024 foi o segundo pior ano para o Brasil em matéria de incêndios desde 2007. Um quarto do território - uma área maior que o México - sofreu incêndios pelo menos uma vez nas últimas quatro décadas.
Os dados também revelam que quase um terço da área queimada no ano passado sofreu megaincêndios de mais de 100.000 hectares.
Os grandes incêndios representam uma mudança preocupante nos padrões históricos de incêndios do país, apontaram os especialistas do MapBiomas.
H.Hurtado--ECdLR