

"Ninguém quer que a história acabe aqui", diz Jhon Arias, destaque do Fluminense
O atacante colombiano Jhon Arias abriu caminho, jogando um futebol de alto nível, para se tornar uma das estrelas da Copa do Mundo de Clubes. Em entrevista à AFP, o ídolo do Fluminense se mostra animado com a chegada às semifinais: "Nenhum de nós quer que a história termine aqui".
Ele se saiu tão bem nos Estados Unidos que seus companheiros o chamam de "nosso Pelé colombiano", apelido que viralizou nas redes sociais, mas que não agrada muito ao ídolo do time carioca.
A verdade é que o colombiano de 27 anos foi eleito o Melhor em Campo em três das quatro partidas do Fluminense no torneio, incluindo a surpreendente vitória por 2 a 0 sobre a Inter de Milão nas oitavas de final.
Arias falou à AFP horas antes da partida das quartas de final contra o Al-Hilal, time da Arábia Saudita que também surpreendeu ao derrotar o Manchester City por 4 a 3. Cariocas e sauditas se enfrentam nesta sexta-feira, em Orlando, às 16h (horário de Brasília).
"Conhecemos o poder do futebol saudita, o crescimento que ele vivenciou e tudo o que o Al-Hilal representa em sua liga. Também não é coincidência que eles estejam nas quartas de final e tenham feito um torneio tão bom", alerta.
- "Não é nenhuma surpresa" -
Pergunta: Muitos duvidavam do Fluminense. Qual foi a chave para chegar até as quartas?
Resposta: "Não tem muitos segredos, fizemos um trabalho honesto, baseado na humildade e também na consciência de quem somos como clube, conhecendo nossos pontos fortes e o bom grupo que temos. Para nós, o que conquistamos não é nenhuma surpresa. Chegamos em um momento forte e estamos fazendo uma Copa de Clubes digna do que é o Fluminense".
P: Você se vê nas semifinais?
R: "Nossa base é pensar em um jogo de cada vez. No momento, estamos pensando nas quartas de final. Não é saudável nos precipitarmos, considerando o respeito que demonstramos em cada fase. Primeiro, temos que provar isso e conquistar em campo, que é onde conquistamos tudo. Claramente, estamos animados, mas só sonharemos com as semifinais depois de darmos o passo".
P: Muitos dizem que você é o melhor jogador da Copa de Clubes. Você é?
R: "Não, não me guio muito por aspectos individuais; o individual é simplesmente um mimo ao trabalho da equipe. Esse tem sido um dos meus alicerces pessoais. Não me deixo seduzir facilmente por elogios, porque geralmente tenho uma boa noção de quem sou, com o que contribuo e com o que posso contribuir, então sei lidar muito bem com elogios e críticas, porque eles não mudam minha essência em nada. No geral, tem sido um bom torneio. Meus companheiros realmente valorizam os aspectos individuais, e nenhum de nós quer que a história acabe aqui".
- Apelido incômodo -
P: Como você se sente quando te chamam de Pelé colombiano?
R: "Não gosto muito. Me sinto muito desconfortável com esse apelido. Todos nós sabemos o ícone global que o Pelé é, e sinto que cada jogador tem uma história diferente, temos a nossa própria história.
Estamos falando de uma das cinco maiores lendas do futebol mundial de todos os tempos. Ele é uma pessoa que marcou muitas gerações e o mundo inteiro. É realmente um nome que está muito no topo.
O apelido não se aplica a mim. Eu respeito, levo mais na brincadeira, como algo um pouco mais jocoso, mas não, meu Deus, estou longe demais dele".
P: Você ainda sonha em jogar na Europa?
R: "Sim, nunca escondi, porque estamos falando de futebol de elite. Não há um jogador de futebol que não queira chegar à Europa. Isso também mostra a minha ambição como atleta, de sempre querer mais. Nem estou falando em sair agora. Meu foco, meu principal sonho, é continuar avançando na Copa do Mundo de Clubes".
- Copa de Clubes com "realismo mágico" -
P: Houve vitórias surpreendentes na Copa de Clubes. O que esses triunfos inesperados significam?
R: "Às vezes, cometemos o erro de subestimar aqueles que não estão na Europa, aqueles que estão em ligas diferentes. O futebol moderno não permite mais essa brecha de deixar apenas um favorito, de deixar um time que se considera superior a todos os outros. A Copa do Mundo de Clubes serviu de plataforma para tornar isso mais evidente. Em outras partes do mundo, mostramos que também temos a nossa qualidade, que também temos a nossa maneira de viver o futebol, de vê-lo, de senti-lo, então isso também serviu para potencializar o talento que existe em outros lugares".
P: Seu livro favorito é "Cem Anos de Solidão", de García Márquez. A história do Fluminense na Copa de Clubes é puro realismo mágico?
R: "Para os torcedores, tem sido mais um realismo mágico, considerando tudo o que vivenciaram, tudo o que acompanha as grandes vitórias. Internamente, como equipe, sabíamos que tínhamos as ferramentas para fazer as coisas direito, que tínhamos o talento humano para competir bem, para deixar o nome do clube, do país, do continente, em evidência".
G.Reyes--ECdLR