

Boxeador mexicano Chávez Jr. deportado dos EUA por suposto vínculo com narcotráfico
O boxeador mexicano Julio César Chávez Jr. está detido no México e enfrenta acusações relacionadas ao narcotráfico após ter sido deportado dos Estados Unidos, informaram as autoridades mexicanas na terça-feira (19).
Filho da lenda do boxe Julio César Chávez, o pugilista, cuja carreira esportiva está em declínio aos 39 anos, é acusado no México de envolvimento com crime organizado e tráfico de armas.
Nos Estados Unidos, onde foi preso no mês passado por estar ilegalmente no país, é apontado como tendo vínculos com o cartel de Sinaloa, designado como uma organização "terrorista global" pelo governo do presidente Donald Trump.
Chávez Jr. foi entregue ao meio-dia de segunda-feira e transferido por policiais federais para uma prisão na cidade de Hermosillo, capital do estado de Sonora, no noroeste do México, informou o Registro Nacional de Detenções.
"Foi deportado", declarou a presidente Claudia Sheinbaum em sua conferência de imprensa habitual, e destacou que havia um mandado de prisão contra ele.
O boxeador foi preso em 2 de julho em Los Angeles por agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE), após fornecer informações fraudulentas em sua solicitação de residência permanente nos Estados Unidos.
Posteriormente, o Ministério Público Geral mexicano informou aos Estados Unidos que Chávez Jr. tinha um mandado de prisão pendente no México desde março de 2023.
A extradição de Chávez Jr. ocorre em um momento em que o governo Trump adota medidas drásticas contra a imigração irregular nos Estados Unidos.
- "Ajustador de contas" -
Após ser preso, a defesa do boxeador tentou impedir seu julgamento no México com uma série de recursos legais, que foram rejeitados pela justiça mexicana.
O Ministério Público Geral manteve os detalhes da acusação em sigilo, mas segundo meios de comunicação mexicanos, Chávez Jr. mantinha vínculos com os filhos de Joaquín "El Chapo" Guzmán, um dos fundadores do cartel de Sinaloa, condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos. Dois filhos de Guzmán também estão presos naquele país.
De acordo com reportagens da imprensa mexicana, que afirmam ter tido acesso ao processo, o esportista teria sido um "ajustador de contas" encarregado de punir membros da organização criminosa.
"Ele os pendura (...) os trata como saco de pancadas", publicou o jornal Reforma, citando um testemunho contido no processo do Ministério Público.
O caso de Chávez Jr. levou a subsecretária do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, Tricia McLaughlin, a se pronunciar no contexto da política de Washington contra os cartéis de drogas.
"Sob a presidência de Trump, ninguém está acima da lei, nem mesmo atletas de fama mundial", afirmou McLaughlin no início de julho. "Nosso recado a qualquer afiliado a um cartel nos Estados Unidos é claro: nós os encontraremos e eles enfrentarão as consequências."
A prisão do pugilista ocorreu apenas quatro dias depois de ele ter protagonizado uma das noites de boxe mais divulgadas do ano nos Estados Unidos, na qual foi derrotado pelo lutador local Jake Paul.
Segundo as autoridades americanas, Chávez Jr. entrou legalmente nos Estados Unidos em 2023 com um visto de turista válido até fevereiro de 2024.
Em abril daquele ano, ele apresentou um pedido de residência permanente devido ao seu casamento com uma cidadã americana, que também foi apontada como tendo conexões com o cartel de Sinaloa.
M.Vega--ECdLR