

'Não há provas' na acusação dos EUA contra instituições financeiras mexicanas, diz Sheinbaum
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, sustentou nesta quinta-feira (26) que "não há nenhuma prova" na acusação americana por lavagem de dinheiro do narcotráfico contra três instituições financeiras mexicanas e lembrou que existem antecedentes de acusações sem fundamentos por parte de Washington.
Na quarta-feira, o governo do presidente americano Donald Trump acusou os bancos mexicanos CIBanco e Intercam e a corretora Vector de "lavagem de dinheiro" para cartéis de drogas e proibiu "algumas transferências de fundos".
A medida se insere no contexto da cruzada que o magnata republicano mantém contra o tráfico de fentanil, na qual acusa o México de não fazer o suficiente para combatê-lo, o que teria levado à imposição das tarifas.
Em sua coletiva de imprensa matinal, Sheinbaum reiterou o argumento apresentado na quarta-feira pela secretaria de Fazenda, de que a informação publicada pelo Departamento do Tesouro americano não é "contundente" para sustentar suas acusações.
"Não há nenhuma prova, são rumores, mas não há provas de onde está a lavagem de dinheiro. [...] Se há provas, a ação é tomada, não há impunidade, não importa quem seja. Mas se não há provas, então a ação não pode ser tomada, como em qualquer delito", alegou a presidente.
"Temos antecedentes na relação México-Estados Unidos", em que acusações foram feitas sem provas suficientes, acrescentou.
A dirigente lembrou especificamente do caso de Salvador Cienfuegos, ex-secretário de Defesa, preso em 2020 pelos Estados Unidos acusado de narcotráfico, que teve que ser libertado em meio a fortes exigências do governo mexicano.
"Tanto é assim, que não houve provas, que soltaram o general Cienfuegos", frisou a presidente.
O governo mexicano informou, no entanto, que decretou a "intervenção geral temporária" nas três instituições -- CI Banco, Intercam e Vector -- "visando proteger os interesses" de acionistas e credores destas, dadas as "implicações" que as medidas americanas possam ter nos dois bancos e na corretora, segundo comunicados conjuntos das autoridades financeiras locais.
Washington acusa essas entidades financeiras mexicanas de terem desempenhado um papel vital para lavar milhões de dólares dos cartéis e facilitar pagamentos para comprar insumos para produção de fentanil.
As medidas impedirão que "façam negócios conosco", declarou na quarta-feira o subsecretário do Tesouro americano, Michael Faulkender, em coletiva de imprensa.
As acusações impedem que as três instituições financeiras facilitem determinados envios de fundos, mas não se tratam de sanções econômicas como as impostas pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Tesouro, explicou a agência.
E.Gutiérrez--ECdLR