Presidente do Benim afirma que situação está 'sob controle' após tentativa de golpe de Estado
O presidente de Benim, Patrice Talon, afirmou neste domingo (7) que a "situação está completamente sob controle" em seu país, após uma tentativa de golpe de Estado registrada mais cedo no dia.
Logo pela manhã deste domingo, um grupo de militares autodenominado Comitê Militar para a Refundação (CMR) afirmou na televisão pública ter "destituído" Talon.
No entanto, pouco depois do anúncio, uma fonte próxima ao presidente indicou que o chefe de Estado estava a salvo e que o exército estava retomando o controle.
"Quero assegurar a todos que a situação está completamente sob controle (...). A segurança e a ordem pública serão mantidas em todo o território nacional", declarou Talon na noite de domingo na televisão nacional.
Fontes militares disseram à AFP que uma dúzia de militares, incluindo os líderes da tentativa de golpe, foram detidos.
Nos últimos anos, o oeste da África registrou numerosos golpes de Estado, em países como Mali, Burkina Faso, Níger, Guiné e, mais recentemente, no final de novembro, em Guiné-Bissau.
Talon deve ceder o poder em abril do próximo ano, após dez anos no cargo, marcados por um forte crescimento econômico, mas também por um aumento da violência jihadista.
- Apoio regional -
Segundo o ministro do Interior, Alassane Seidou, "um pequeno grupo de soldados iniciou uma sublevação com o objetivo de desestabilizar o Estado e suas instituições. Diante dessa situação, as Forças Armadas beninesas e sua hierarquia (...) conseguiram manter o controle da situação e frustrar a manobra".
A força aérea da vizinha Nigéria atacou alvos não revelados enquanto as forças beninesas realizavam operações de contra-ataque, informou à AFP uma fonte da presidência nigeriana.
Por sua vez, o bloco regional da África Ocidental, a Cedeao, informou que tropas de Gana, Costa do Marfim, Nigéria e Serra Leoa estavam sendo destacadas no país para "apoiar o Governo e o Exército Republicano de Benim e preservar a ordem constitucional".
Correspondentes da AFP disseram ter ouvido disparos na madrugada de domingo nas ruas de Cotonou, a capital econômica, enquanto soldados bloqueavam o acesso à presidência e ao prédio da televisão estatal.
Em outras áreas, no entanto, os moradores continuavam com suas atividades cotidianas.
"O golpe foi frustrado, graças a Deus. Mas temos que pensar no que fazer para que esse tipo de coisa não volte a acontecer", disse à AFP um vendedor ambulante em Cotonou, Adam Aminou.
"Passamos alguns momentos de medo", afirmou a professora aposentada Jennifer Adokpeto.
"Realmente pensamos, ao ver o comunicado repetido na televisão, que se tratava de um golpe de Estado e que nosso país seguiria o caminho de alguns de nossos vizinhos", acrescentou.
Uma fonte militar confirmou que a situação está "sob controle" e que os golpistas não tomaram "nem a residência do chefe de Estado, nem a presidência".
Várias embaixadas recomendaram que seus cidadãos permanecessem em casa sempre que possível.
- "Deterioração" da situação -
Os oito soldados rebeldes que apareceram na televisão portavam fuzis de assalto e usavam boinas de cores diferentes.
Proclamaram o tenente-coronel Pascal Tigri como "presidente" de seu comitê de "refundação" e justificaram sua ação alegando a "deterioração contínua da situação de segurança no norte de Benim".
A história política de Benim tem sido marcada por vários golpes e tentativas de golpe desde sua independência da França, em 1960.
Talon, um ex-empresário de 67 anos apelidado de "rei do algodão de Cotonou", chegou ao poder em 2016.
Está previsto que conclua em 2026 seu segundo mandato, o máximo permitido pela Constituição.
O principal partido opositor foi excluído das próximas eleições, que colocarão o partido governante contra um opositor considerado "moderado".
Embora seja reconhecido pelo desenvolvimento econômico de Benim, a oposição reprova a Talon uma guinada autoritária em um país que antes se destacava pela vitalidade de sua democracia.
P.A.Cruz--ECdLR