Belém volta a celebrar o Natal com alegria após trégua em Gaza
Ao ritmo de tambores, jovens palestinos desfilaram nesta quarta-feira (24) pelas ruas de Belém, para dar início ao primeiro Natal festivo após dois anos marcados pelo conflito na Faixa de Gaza.
Ao longo da guerra, que começou com um ataque do Hamas contra Israel em outubro de 2023, um tom sombrio marcou os Natais em Belém, cidade bíblica onde nasceu Jesus Cristo. Hoje, porém, as celebrações retornaram com força a essa cidade da Cisjordânia ocupada, enquanto a trégua persistia na Faixa de Gaza, onde centenas de milhares de pessoas enfrentam o frio e a chuva em tendas precárias.
Cristãos de todas as idades seguiram para a Praça da Manjedoura, onde dezenas de pessoas se posicionaram nas varandas do edifício municipal para observar as comemorações.
Centenas de pessoas participaram do desfile do grupo escoteiro salesiano pela estreita Rua da Estrela de Belém. "Você sente que o Natal chegou de verdade", disse Milagros Anstas, 17 anos, com seu uniforme azul e amarelo. "É um dia repleto de alegria, porque antes não conseguíamos celebrar devido à guerra".
Cristãos de todas as idades dirigiram-se à Praça da Manjedoura, no centro da cidade, onde espectadores se reuniam nas sacadas do prédio municipal para observar as celebrações e ouvir as canções natalinas.
Uma árvore de Natal imponente, decorada com enfeites vermelhos e dourados, brilhava ao lado da Igreja da Natividade.
A basílica do século IV foi construída sobre uma gruta onde os cristãos acreditam que Jesus nasceu, há mais de 2.000 anos.
O papa Leão XIV pediu ontem uma trégua global de um dia pelo Natal. "Renovo meu apelo a todas as pessoas de boa vontade para que respeitem um dia de paz, pelo menos na festividade do nascimento do nosso Salvador", declarou o pontífice, na residência de Castel Gandolfo, perto de Roma.
Leão XIV vai celebrar hoje sua primeira missa de natal no Vaticano, às 20h30 GMT (17H30 no horário de Brasília), na Basílica de São Pedro.
- 'Vontade de viver' -
O município de Belém optou por reduzir as celebrações de Natal enquanto a guerra devastava Gaza, território costeiro palestino geograficamente separado da Cisjordânia por Israel.
Um cessar-fogo alcançado com a mediação dos Estados Unidos entre Israel e o Hamas, iniciado em outubro, interrompeu os combates em larga escala em Gaza. Muitos moradores, no entanto, enfrentam graves dificuldades depois que perderam suas casas e entes queridos.
O cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém, chegou a Belém para presidir a tradicional Missa do Galo na Basílica da Natividade. "Queremos neste ano um Natal cheio de luz, porque é do que precisamos, após dois anos de escuridão", declarou, antes da cerimônia.
Pizzaballa fez uma visita à Faixa de Gaza no fim de semana e celebrou uma missa de Natal na paróquia da Sagrada Família, em Gaza.
O patriarca relatou à multidão que havia testemunhado uma "situação catastrófica" no território palestino, mas que também havia visto resiliência e "vontade de viver": "No meio do nada, eles são capazes de celebrar."
Os habitantes de Belém, cuja economia depende quase que totalmente do turismo, esperam que o retorno das celebrações natalinas devolva vida à cidade e motive a presença de um número maior de visitantes. Nos últimos meses, peregrinos cristãos começaram a retornar lentamente à cidade sagrada.
Carmelina Piedimonte viajou da Itália e disse que presenciar as celebrações de Natal na Cisjordânia ocupada a encheu de esperança. "Se você tem amor no coração, então é possível ter um mundo sem guerra."
Na Síria, os cristãos de Damasco celebraram enfeitando a Cidade Velha com luzes de Natal, para tentar esquecer as preocupações. Em junho, um ataque a uma igreja deixou vários mortos.
"A Síria merece alegria, e que sejamos felizes e tenhamos esperança em um novo futuro", declarou a estudante Loris Aasaf, 20.
O site Flightradar24, entre outros, retomou a tradição de publicar um rastreador ao vivo do Papai Noel, que mostra seu trenó viajando desde o Polo Norte para distribuir presentes.
M.Vega--ECdLR