El Comercio De La República - Dólar tende a cair no Brasil

Lima -

Dólar tende a cair no Brasil




A perspectiva de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed) volta a colocar o câmbio no centro do radar no Brasil. Com a autoridade monetária dos EUA sinalizando espaço para iniciar a flexibilização da política monetária ainda em setembro e a inflação americana perto de 2,7% ao ano, o prêmio pago pelo dólar tende a diminuir. Em paralelo, o Banco Central do Brasil (BCB) mantém a Selic em patamar elevado, o que preserva a atratividade do real em operações de “carry trade”. O resultado provável dessa combinação é um dólar mais fraco frente ao real, ainda que o movimento possa ser irregular.

Por que cortes do Fed favorecem o real
Quando o Fed reduz juros, cai o rendimento dos ativos em dólar e, portanto, a remuneração de aplicações de curtíssimo prazo nos EUA. Isso diminui o apelo do “cash” em dólar e amplia a busca por retornos em mercados com juros reais elevados — caso do Brasil, onde a taxa básica permanece em dois dígitos. A diferença de juros (diferencial Brasil–EUA) continua ampla mesmo com cortes graduais do Fed, sustentando entradas líquidas de capital e aliviando a pressão sobre o câmbio.

Além disso, a probabilidade de corte já aumentou à medida que a inflação americana estabilizou perto de 2,7% a/a e alguns indicadores de atividade e emprego perderam fôlego. Com isso, os futuros de Fed funds passaram a embutir chance elevada de redução na reunião de setembro, reforçando a depreciação estrutural do dólar no curto prazo.

Fatores domésticos que reforçam a queda do dólar
Juro alto por mais tempo: O Copom interrompeu o ciclo de alta após sete elevações consecutivas, mas manteve a Selic em nível restritivo e indicou pausa “prolongada”. Em termos reais, o Brasil segue oferecendo um dos maiores prêmios do mundo, o que ancora o real.
Contas externas robustas: O saldo comercial segue positivo em 2025, com superávit acumulado relevante no ano. Esse colchão externo ajuda a suprir demanda por moeda estrangeira vinda de importadores e investidores.
Gestão ativa do câmbio: O BCB segue utilizando instrumentos como leilões e rolagens de swaps cambiais e, mais recentemente, expandiu acordos para reforçar a liquidez em momentos de estresse. Essa atuação tende a reduzir a volatilidade e desencorajar movimentos especulativos contra o real.

O que pode atrapalhar
Risco de frustração com o Fed: Se a comunicação do Fed for mais cautelosa ou se dados de inflação voltarem a acelerar, o dólar pode ganhar força no curto prazo.
Incertezas globais (tarifas/comércio): Ruídos sobre comércio internacional e tarifas ampliam o prêmio de risco e podem reduzir o apetite por emergentes.
Risco fiscal doméstico: Sinais de deterioração das contas públicas no Brasil encarecem o CDS, elevam os juros longos e podem provocar saída de capital — pressionando o câmbio.
Crescimento mais fraco: Sinais de desaceleração mais forte da atividade local tendem a reduzir o diferencial de crescimento e podem limitar o fluxo de portfólio.

Cenários prováveis (próximos 3–6 meses)
Base (maior probabilidade): Fed inicia ciclo com corte moderado; Copom mantém Selic alta por mais tempo. O real segue em tendência de apreciação gradual, com pregões voláteis e ajustes técnicos.
Altista para o real: Inflação nos EUA desacelera mais rápido; curva americana cede; commodities sustentam termos de troca do Brasil. Dólar recua mais frente ao real.
Baixista para o real: Fed adia cortes e/ou fiscal brasileiro piora. Juros longos sobem, melhora do real perde fôlego e o câmbio devolve parte dos ganhos.

O que monitorar
Discurso do Fed (especialmente em Jackson Hole e nas coletivas pós-reunião).
Leituras de CPI/PPI nos EUA e payrolls.
Sinalizações do Copom em atas/comunicados e projeções de inflação (IPCA).
Saldo comercial e fluxo cambial semanal no Brasil.
Notícias sobre políticas comerciais globais e preços de commodities-chave.

Conclusão:
Se o Fed realmente iniciar os cortes e o Brasil sustentar disciplina monetária e mínima previsibilidade fiscal, o viés para o dólar/real segue de queda adicional — com zigue-zagues no caminho, mas fundamentos favoráveis ao real.



Apresentou


Meta, câmbio e o pacto Nvidia

Brasil entra em agosto sob um triplo choque de realidade. A meta fiscal, tratada pelo governo como bússola, virou motivo de sarcasmo entre agentes de mercado; o câmbio recua em ritmo acelerado, aliviando parte das pressões financeiras; e, nos EUA, um acordo inédito entre a Casa Branca e a Nvidia reabre o canal de vendas de chips de IA para a China em troca de receita para o governo — uma engenharia regulatória que intriga juristas e investidores.Meta fiscal: alvo fixo, credibilidade móvelDepois de um 2024 “no limite”, o governo reafirmou para 2025 a meta de déficit primário zero com faixa de tolerância, e projetou superávit de 0,25% do PIB para 2026. No discurso oficial, trata-se de um compromisso inegociável. Na prática, porém, a confiança foi sendo corroída pela dependência de receitas extraordinárias, renúncias reformatadas e manobras de apuração. Daí a ironia que pegou nas mesas de operação — “a meta virou piada” — não porque o número seja impossível, mas porque o caminho para alcançá-lo ainda parece frágil: base tributária concentrada, gasto obrigatório rígido e baixa previsibilidade legislativa. Enquanto isso, o setor privado reprecifica risco: crédito mais seletivo, prazos mais curtos e prêmios mais altos para papéis longos.Câmbio em queda: trégua que melhora o humorO dólar caiu para a casa de R$ 5,38 em meados de agosto, o menor nível em mais de um ano, ajudado por fatores externos (apetite a risco global e expectativa de alívio monetário nas economias centrais) e internos (balança comercial robusta e percepção — ainda que contestada — de disciplina fiscal mínima). A bolsa reagiu, e o custo de hedge cambial cedeu. Para empresas importadoras, o alívio é imediato; para exportadores, exige ajuste fino de preços e proteção de margens. A volatilidade, contudo, segue elevada: qualquer ruído fiscal, surpresa inflacionária ou mudança no cenário de juros lá fora pode devolver prêmio ao dólar rapidamente.O acordo “esquisito” com a Nvidia: precedente ou gambiarra?Em Washington, a administração Trump negociou com Nvidia e AMD um arranjo de “liberar com contrapartida”: licenças para vender versões rebaixadas de chips de IA à China, mediante a transferência de 15% da receita dessas vendas ao Tesouro americano. O pacote inclui modelos como o H20 (Nvidia) e o MI308 (AMD) e acena, no limite, para versões modificadas de futuras gerações. É um desenho sem paralelo recente: contorna o dilema segurança-nacional versus mercado ao criar um “pedágio regulatório” — e levanta dúvidas constitucionais e legais. Também abre margem para retaliações ou substituição tecnológica acelerada do lado chinês. Para o investidor, a mensagem é dupla: o ciclo de IA continua monumental, mas a geopolítica segue no volante.Impactos cruzados para Brasil e mercados-  Cenário fiscal — O humor melhorou com o câmbio, mas a precificação de risco soberano continuará sensível a cada relatório de arrecadação, corte de gasto obrigatório e evolução da pauta no Congresso.-  Ativos locais — Juros longos podem ganhar fôlego se o dólar permanecer comportado, mas exigem prova trimestral de meta fiscal crível.-  Tecnologia & semicondutores — A reabertura parcial de exportações para a China sustenta receitas de líderes de IA, porém sob incerteza jurídica e de compliance.- Commodities — Real mais forte altera termos de troca e lucros setoriais; hedge e governança de capital de giro tornam-se centrais.-  Fluxos globais — Qualquer inflexão na política americana para chips (ou reação chinesa) pode reprecificar ciclos de CAPEX de nuvem, data centers e, por tabela, cadeias brasileiras expostas a tecnologia.Como se posicionar (sem ilusões)-  Tese fiscal: privilegie crédito corporativo de emissores com geração de caixa resiliente e baixa dependência do ciclo fiscal; evite duration longa soberana sem proteção.-  Câmbio: use recuos do dólar para reequilibrar proteção em empresas importadoras; exportadores devem manter políticas de hedge dinâmicas.-  Tech global: a tese de IA segue válida, mas o risco regulatório virou variável de primeira ordem — diversificação entre segmentos (chips, infraestrutura, software de camada) reduz surpresas.-  Portfólios locais: combine bolsa defensiva (utilities, energia) com selecionados plays de valor cíclico; mantenha caixa tático para aproveitar overshoots.-  Governança: para quem depende de dólar (insumos, dívida), formalize gatilhos de hedge e cenários; improviso custa caro quando a maré vira.

Brasil: Crise Econômica em 2025

Brasil enfrenta um momento de grande incerteza econômica. Com projeções de crescimento revisadas para baixo, preocupações com a sustentabilidade fiscal e uma inflação persistente, o país se prepara para desafios significativos em 2025. Além disso, fatores externos e internos, como o cenário político e as tensões globais, aumentam a complexidade do panorama. Neste artigo, exploramos os principais perigos e o que mais preocupa os brasileiros hoje.Cenário EconômicoAs projeções para o crescimento do PIB brasileiro em 2025 estão sendo revisadas para baixo por instituições internacionais. Estimativas que antes apontavam um crescimento de 2,2% foram reduzidas para 1,8%, enquanto outras projeções indicam 2%. O governo brasileiro, por outro lado, mantém uma perspectiva mais otimista, prevendo um crescimento de 2,3% para este ano e 2,5% para 2026. Essa diferença de visões sublinha a incerteza que ronda a economia nacional.Desafios FiscaisA sustentabilidade fiscal é uma preocupação central. Há alertas sobre a necessidade de um arcabouço fiscal sólido e uma reforma tributária para conter o aumento da dívida pública, que já está em níveis altos quando comparada a outros países emergentes. Sem essas ações, o risco de uma crise de dívida séria paira sobre o Brasil.Pressão InflacionáriaA inflação segue como um problema persistente. Projeções apontam que ela pode permanecer acima da meta de 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual. Fatores como a depreciação do real e os efeitos prolongados de políticas monetárias mais rígidas alimentam essa pressão, dificultando o controle dos preços.Política e Fatores ExternosO cenário político contribui para a instabilidade. Com eleições no horizonte e possíveis mudanças nas políticas econômicas, a continuidade das reformas necessárias está em xeque. Fora do país, a desaceleração econômica global e tensões geopolíticas podem atingir o Brasil, especialmente por sua dependência de exportações de commodities.Outras PreocupaçõesAlém disso, as mudanças climáticas afetam diretamente o agronegócio, essencial para a economia brasileira. A evolução tecnológica e questões sociais, como desigualdade e desemprego, também geram inquietação entre a população.ConclusãoEm resumo, o Brasil encara um 2025 marcado por incertezas econômicas. Desafios fiscais, inflação elevada e um contexto político e externo instável demandam políticas firmes e reformas estruturais. A resposta do governo será decisiva para evitar que o pior cenário se concretize.

UE: Eleições Austríacas abalam o Establishment

Analisamos a recente sondagem austríaca que deu a vitória ao Partido da Liberdade, de extrema-direita, e explicamos porque é que a bandeira da União Europeia voltou a voar nas instituições europeias.